quinta-feira, 3 de março de 2011

Minha vida passada a limpo

Escolhi esta chamada para o meu blog, mas nem me dei conta do seu real significado. Acho que, neste momento, às vésperas de completar quarenta anos, finalmente, vou começar a grande aventura da minha pequena existência:  minha viagem para dentro de mim! E, no final da jornada, desejo, imensamente, me encontrar, me olhar bem fundo nos meus olhos e me dizer o quanto eu me amo.
Dizem que a vida começa aos quarenta, não é mesmo? Então, estou me preparando para renascer e tentar, neste novo ciclo que se inicia, me comprometer com a minha consciência de mim mesma,  adquirida depois de muitos desencontros, desacertos, perdas... Mas, também, depois de muitas presenças: Minha família, que é meu porto seguro e meus amigos, que, com muita sabedoria, discernimento e aceitação, nunca desistiram de mim!!!
Sempre fui muito exigente comigo mesma e exigente com o outro. Era como se eu tivesse um juiz dentro de mim, que distribuía sentenças gratuitamente. Estabeleci um padrão pra mim. Simplesmente reagia; não pensava. Mas tudo tem seu preço e passei pela experiência de perder muitas pessoas que, simplesmente não conseguiam conviver comigo. Eu não tinha consciência, mas eu sufocava as pessoas que se relacionavam comigo. Poucas pessoas (aquelas que não desistiram de mim... lembram-se?) conseguiram atravessar minhas barreiras. Eu era, e ainda conservo traços disso, implacável, justiceira, defensora dos fracos e oprimidos... Completamente sem noção da mágoa que causava a algumas pessoas. Da minha boca jorravam flechas. Decididamente, eu falava, sem dó, ou piedade. O problema não era o que eu falava, mas COMO eu falava. O retorno que eu recebia era quase sempre o mesmo: as pessoas se afastavam. Mesmo assim, eu achava que o mundo estava contra mim. Aquela velha história do “ninguém me aceita/entende”... Na minha cabeça, eu não estava fazendo nada de errado... Eu apenas estava falando o que todo mundo tinha vontade de falar, mas não tinha coragem. Eu era destemida. Quase um Zorro- fêmea... Só que um Zorro odiado, que criava abismos em vez de pontes e, de tanto as pessoas se afastarem de mim, comecei a pensar que, realmente, havia algo de errado. Comecei a me sentir desconfortável comigo e me ver como um equilibrista desequilibrado. Comecei a lembrar de situações, pessoas, palavras... E quando caí em mim me senti tão tola. Foi então que percebi que eu só reagia ao mundo e às pessoas... A partir daí, fui buscar auxílio na psicoterapia. Freqüentei sessões por quatro anos. Porém , somente no quarto ano é que meu processo de cura teve seu início. Nesse momento, consegui me ver, como se eu tivesse saído de mim e pudesse me observar como que num filme. Iniciou ali, a minha tomada de consciência. Só que os rótulos ficam, por muito tempo, grudados em nós. Hoje, mesmo tendo me revisto e estar em processo de mudança/cura, os ecos daquilo que eu fiz ainda ressonam. Os rótulos, apesar de estarem envelhecidos e desbotados, ainda existem e as pessoas que me conheceram, embora não tenham convivido comigo nestes últimos anos, ainda conseguem vê-los. Mas tudo bem, porque sou fruto das minhas escolhas e como passei a fazer novas escolhas, recentemente, sei que colherei outros frutos em breve. E serão muito bons, pois esse é um desejo muito forte que carrego em mim.
Por isso, hoje, às vésperas dos meus quarenta anos, resolvi me dar de presente este blog. Sempre gostei de escrever; de brincar com as palavras e ver o que dá. Porém, escrever sobre mim e esse pequeno universo que carrego, nunca foi tarefa fácil. Minha idéia, mesmo, é compartilhar experiências com todas as pessoas que, de alguma forma se identificam comigo e também estão querendo empreender na maior e mais importante aventura da vida de um ser humano: o autoconhecimento.
Então, companheiros de existência, blogueiros de plantão, gente de toda sorte, troquem comigo. Vamos viajar juntos.

Nenhum comentário: